O Centro de Biodiversidade Amazônica (CENBAM) coordenará uma rede de instituições Amazônicas envolvidas em estudos sobre a biodiversidade. A estrutura desta rede irá diferir de outras redes existentes a partir de propostas inovadoras, que serão detalhadas nas seções abaixo. O termo “biodiversidade” será usado nesta proposta seguindo as Diretrizes para a Política Nacional de Biodiversidade (DECRETO Nº 4.339 22/08/2002) (DPNB), que definem a posição oficial do governo Brasileiro no que se refere às áreas abrangidas por esse termo. O objetivo do CENBAM é criar e consolidar cadeias de produção baseadas em conhecimentos científicos sólidos, que iniciam com estudos sobre a biodiversidade, gerando, ao final, informações, produtos ou processos importantes para usuários específicos a curto, médio e longo prazo. A Amazônia ocupa uma posição de destaque em relação à biodiversidade mundial, e exerce um papel importante nos ciclos globais de carbono e água, que afeta outras regiões, inclusive as áreas mais importantes para a agricultura no Brasil (Marengo 2007). Apesar disso, a pesquisa na Amazônia ainda é relativamente incipiente e fragmentada, e não exerce o impacto necessário sobre políticas públicas para uma região tão importante. O investimento em ciência na Amazônia é baixo e, por muitos anos, impostos pagos por contribuintes da Amazônia subsidiaram pesquisas no sudeste brasileiro. No entanto, a falta de recursos não é a única causa da falta de investimentos em pesquisa na Amazônia. Não há pesquisadores suficientes na Amazônia para captar os recursos disponíveis. Isto resulta em um cículo vicioso, no qual a falta de infra-estrutura leva à falta de recursos humanos qualificados para pesquisa; a falta de recursos humanos qualificados leva à baixa produtividade científica; a baixa produtividade científica diminui a competitividade por recursos financeiros; e a falta de financiamento impede o treinamento de recursos humanos locais. A única maneira de quebrar este círculo é criar condições para que os residentes da Amazônia, desde guias locais até pesquisadores e empresários, participem efetivamente do processo de geração do conhecimento e se beneficiem dos resultados obtidos. Este é o objetivo do Instituto de Biodiversidade Amazônica. Muitas redes virtuais envolvendo biodiversidade e instituições Amazônicas têm sido criadas nos últimos anos. Essas redes foram desenvolvidas com objetivos de alto padrão e muitos participantes da presente proposta estiveram ou estão envolvidos nestas redes. No entanto, essas redes virtuais não tiveram o efeito que se esperava quando foram criadas, e é importante considerar as possíveis limitações impostas pela estrutura dessas redes. A maioria foi constituída por uma instituição-sede, geralmente situada no sudeste do Brasil, no exterior ou nos centros relativamente desenvolvidos de Manaus e Belém. Instituições des centros regionais no interior da Amazônia estavam inseridas de forma que a rede assumia uma configuração de estrela, com cada centro regional ligado à instituição-sede, e o contato entre as instituições regionais acontecendo principalmente através da instituição-sede. Essa estrutura contrasta com redes altamente efetivas elaboradas por organizações não-governamentais, principalmente no que se refere à coordenação sócio-econômica, comligações entre os centros regionais tão efetivas quanto as ligações entre os centros regionais e a instituição-sede, resultando em uma configuração de fato de rede ou, ao menos, de teia de aranha. A rede que estamos propondo enfatiza em igual medida o intercâmbio e colaboração científicos entre os centros regionais eentre os centros regionais e a instituição-sede. Assim sendo, todas as instituições e regiões estarão em contato, colaborando e intercambiando conhecimento e resultados práticos. Isso significa que a rede será funcional, não virtual.

 

Coordenador Geral: William Ernest Magnusson/INPA.